segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Medo do escuro



Quando eu era criança, tinha medo do escuro que qualquer outra coisa. Imaginava coisas escondendo-se nele, que só existiam quando eu apagava a luz. Coisas invisíveis, horríveis. E mesmo quando eu acendia a luz do abajur ao lado da cama, quando já não agüentava mais de tanto medo, tinha a sensação de que havia alguma coisa no escuro que fugia e se escondia nos cantos, embaixo da cama, atrás do guarda-roupa. E que ficava à espreita. Esperando a hora de ficar escuro novamente, para poder voltar e me atormentar.
Até mesmo de dia quando o sol enche tudo de luz, eu sentia a ameaça a minha volta. Porque ele nunca descansava. Estava sempre me espiando nos lugares mais inesperados: O ralo da pia, dentro de alguma gaveta... Estava lá, em todos esses lugares, observando. E eu lembrava que logo chegaria a noite. Mais uma vez.
Acho que todas as crianças têm esse medo. É um paradigma de terror. O pânico que nos cerca quando a ameaça é invisível, fora do nosso controle. A escuridão transforma o que conhecemos em algo que desconhecemos, porque, embora a coisa esteja lá perto de nós não podemos vê-la. Está além dos nossos sentidos. Mas está viva. Então eu imagino... Algo muito perverso oculto na escuridão. Algo que toma forma. Algo que se confunde com a escuridão. É a própria escuridão. Uma entidade malévola e destrutiva que adquiriu vida própria. Uma espécie de mal concentrado que salienta das pessoas e das suas fraqueza para sobreviver. Algo que só se manifesta quando não há luz, que usa as trevas para se mover e nos enganar. Extremamente nocivo, perverso, contagioso... A escuridão é esperta, ela nos engana enquanto nos assusta.






Acho que vou deixar a luz acesa...

[[[[Refletido após assistir A sétima vítima em 30.06.05]]]]






HOJE ME CONSIDERO CURADO- aprendi que;



O escuro com uma taça de vinho torna desconhecidos em conhecidos íntimos!!